Antes de entender como funcionam os investimentos em CDBs, LCs e RDBs, é essencial compreender o que é CDI, a taxa que serve como referência para rentabilidade da maioria dos títulos emitidos por instituições financeiras.
O que é CDI?
CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário, um título emitido entre bancos para que possam equilibrar seus caixas ao final do dia.
O Banco Central determina que os bancos devem encerrar o dia com mais depósitos do que saques, e, para isso, eles emprestam dinheiro uns aos outros, esse empréstimo é chamado de Depósito Interbancário (DI).
O CDI representa a média das taxas desses empréstimos, realizados no chamado mercado overnight.
Essa taxa é atualizada diariamente e acompanha de perto a taxa Selic, geralmente rendendo cerca de 0,10 ponto percentual a menos. Ou seja:
- 100% do CDI equivale a aproximadamente 0,10 abaixo da Selic.
Portanto, Tesouro Selic tende a render mais do que aplicações que seguem 100% do CDI, especialmente em valores até R$10 mil, porque:
- rende 100% da Selic, enquanto o CDI rende um pouco menos;
- é isento da taxa de custódia para valores até R$10 mil;
- não possui taxa de administração, ao contrário de muitos fundos DI.
Acima de R$10 mil, a taxa de custódia (de 0,2% ao ano) passa a valer, e aplicações que pagam mais de 100% do CDI, como CDBs de 110% ou 115% do CDI, podem ser mais vantajosas.
A relação com o Índice de Basileia
Os bancos não podem emprestar dinheiro livremente. Existe uma regra conhecida como Índice de Basileia, que é uma métrica internacional usada para medir a solidez financeira das instituições.
Ela compara o capital do banco com o volume de crédito que ele concede. Quanto maior o índice, mais seguro o banco.
- O índice mínimo exigido pelo Banco Central é de 8%, mas o ideal é que ele esteja acima de 12%.
- Bancos que atingem seu limite de capital para continuar emprestando recorrem à emissão de CDBs para captar mais recursos no mercado.
Diferenças entre CDB, RDB e LC
Esses são títulos de renda fixa bancária, emitidos por diferentes tipos de instituições:
| Tipo | Emitido por | Liquidez | Rentab. | Garantia FGC |
|---|---|---|---|---|
| CDB (Certificado de Depósito Bancário) | Apenas bancos | Pode ter liquidez diária ou vencimento fixo | Atrelada ao CDI ou prefixada | Sim |
| RDB (Recibo de Depósito Bancário) | Bancos, financeiras e cooperativas | Sem liquidez antes do vencimento | Similar ao CDB | Sim |
| LC (Letra de Câmbio) | Financeiras e empresas de crédito | Pode ter liquidez ou não | Geralmente acima de 100% do CDI | Sim |
Sobre a segurança
Todos os três são garantidos pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC), que cobre:
- Até R$ 250 mil por CPF e por instituição, limitado a R$ 1 milhão por período de 4 anos.
No entanto, é importante:
- Verificar a saúde financeira do emissor. Nunca empreste dinheiro para instituições com Índice de Basileia abaixo de 8%.
- Avaliar se a taxa oferecida compensa o risco e está acima de 100% do CDI.
Melhor horário para investir
O mercado de renda fixa funciona com ofertas que mudam ao longo do dia. As melhores oportunidades costumam aparecer entre 9h e 14h. Depois disso, restam os títulos que sobraram (refugos), e as taxas podem ser menos atrativas. Além disso, após esse horário, o mercado secundário tem pouca liquidez.
Em resumo
Investir em CDBs, LCs e RDBs pode ser uma excelente alternativa para quem busca maior rentabilidade do que o Tesouro Selic, desde que a taxa oferecida esteja acima de 100% do CDI. Apesar de o CDI render um pouco menos do que a Selic, títulos que pagam 110%, 115% ou mais do CDI podem superar o rendimento do Tesouro, especialmente em aplicações acima de R$ 10 mil (quando entra a taxa de custódia).
É fundamental analisar o emissor do título, respeitar os limites de garantia do FGC e acompanhar o Índice de Basileia da instituição.


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