Você já parou pra pensar quanto tempo da sua vida você gasta para comprar um par de tênis ou uma roupa nova? Se a sua única fonte de renda é o seu trabalho, você está literalmente trocando horas da sua vida por produtos, e não por dinheiro.
Vamos fazer uma conta simples (faça a sua aí também):
- Salário: R$3.000
- Dias trabalhados no mês: 22
- Horas trabalhadas por dia: 8
Hora de trabalho = 3.000 ÷ 22 ÷ 8 = R$17 por hora
Se você comprou um tênis de R$510, você trocou 30 horas da sua vida por ele. Quase quatro dias inteiros de trabalho, considerando expediente normal. E isso sem contar os impostos embutidos, o tempo que você gastou pesquisando e o possível uso do cartão de crédito, com suas taxas.
Agora, imagine quando compramos algo parcelado, com juros. Além das horas gastas, você paga por elas com mais horas de trabalho no futuro. Antecipar sonhos com dinheiro que ainda não temos costuma sair caro, e ser muito cansativo, é como correr atrás do próprio rabo.
É aqui que entra o conceito de ativos e passivos, algo que muda completamente a forma como você lida com o seu dinheiro e com o consumo.
O que são ativos?
Ativos são tudo aquilo que coloca dinheiro no seu bolso, sem exigir que você esteja lá, trocando tempo por dinheiro. É o dinheiro trabalhando por você, mesmo enquanto você dorme ou está de férias.
Exemplos de ativos:
- ações que pagam dividendos;
- fundos imobiliários;
- imóveis alugados;
- títulos de renda fixa;
- negócios próprios que funcionam sem sua presença direta.
E o que são passivos?
Passivos são tudo aquilo que tira dinheiro do seu bolso. São despesas recorrentes, muitas vezes invisíveis, que vão corroendo seu orçamento mês a mês.
Exemplos de passivos:
- carro próprio (IPVA, seguro, manutenção, combustível, depreciação);
- casa própria (impostos, condomínio, manutenção);
- financiamentos, consórcios, empréstimos;
- compras parceladas no cartão de crédito.
Um carro, por exemplo, é um passivo clássico. A menos que você o use para gerar receita (como no caso de um motorista de aplicativo ou se o aluga para terceiros). Nesse caso, se o valor recebido for maior que os custos envolvidos, ele pode ser considerado um ativo.
E a casa própria? Muita gente acredita que ela é um ativo, mas na prática, ela costuma ser um bom passivo. Você mora nela, sim, mas ela não gera renda. Pelo contrário: custa impostos, reformas, condomínio, contas fixas…
Qual é o segredo dos que enriquecem?
Pessoas que constroem riqueza ao longo do tempo têm uma regra simples: usam os ativos para pagar seus passivos.
Elas compram ativos primeiro, e com o dinheiro que esses ativos geram, passam a custear seus desejos e estilo de vida. Já quem vive apenas de salário e ainda acumula passivos, corre o risco de nunca sair do ciclo da dívida.
Tem uma citação que eu gosto bastante, retirada do livro A Psicologia Financeira, que pode servir como exemplo:
“A cantora Rihanna quase foi à falência depois de gastar em excesso, e então processou seu consultor financeiro. O conselheiro respondeu: “Não era óbvio para ela que, se você gasta o seu dinheiro com coisas, vai acabar com as coisas e sem o dinheiro?
Sinta-se à vontade para rir. Mas a resposta é não, isso não é óbvio para as pessoas.
Quando elas dizem que querem ser milionárias, talvez estejam dizendo, na verdade, que gostariam de gastar um milhão de dólares. E isso é, literalmente, o oposto de ser milionário.”
Uma vez, assisti a um vídeo de um chinês que fez uma comparação generalista, mas que funciona bem como provocação:
Se você der 1 milhão de reais a um chinês, ele provavelmente diria que vai transformar esse valor em 2 milhões. Talvez compre algumas caixas de produtos simples, como capas de celular, itens de decoração ou utilidades domésticas, e monte uma loja para começar a vender, multiplicando o dinheiro.
Já se você disser que vai dar o mesmo valor a um brasileiro, a resposta mais comum pode ser uma lista de compras: casa, carro, viagens, eletrônicos.
É claro que essa comparação não se aplica a todas as pessoas, nem a todos os contextos culturais, mas serve para ilustrar um ponto importante: a forma como encaramos o dinheiro está diretamente ligada à nossa mentalidade.
Enquanto uns veem o dinheiro como uma ferramenta para gerar mais renda, outros o encaram como uma oportunidade de consumo imediato. E é exatamente essa diferença que separa quem acumula patrimônio de quem apenas acumula contas.
Liberdade financeira não é ganhar mais, é gastar melhor
Eu bato muito na tecla aqui no blog sobre os malefícios do consumo inconsciente. Ele não afeta apenas suas emoções e comportamentos, ele compromete também o seu bolso e o tempo que você tem disponível. Cada compra feita por impulso é uma hora da sua vida sendo trocada por algo que, muitas vezes, não era necessário.
No macro, isso ainda se traduz em mais lixo sendo gerado: produtos de plástico, eletrônicos com descarte inadequado, roupas sintéticas que demoram anos para se decompor.
Milhares e milhares de reais escorrem pelo ralo em nome de uma satisfação momentânea, e muitas vezes ilusória.
Será que você precisa mesmo ganhar mais dinheiro, ou apenas administrar melhor o que já tem para alcançar uma vida mais equilibrada?
Investir não é só para quem tem muito dinheiro. Investir é reservar um pedaço do que você ganha hoje para não passar perrengue amanhã. É a sua proteção contra emergências, mas também o primeiro passo para conquistar autonomia.
Quando seus ativos passam a sustentar seus passivos, você deixa de trabalhar só para pagar contas e começa a ter tempo, e paz, para escolher o que realmente quer fazer da sua vida.
Investir em ações, títulos, negócios, conhecimento… tudo isso é plantar hoje para colher liberdade amanhã. E, com o tempo, você percebe que ser rico não é ter coisas, é ter escolhas:
Escolher o hospital onde você vai ficar.
Escolher a escola dos seus filhos.
Escolher o trabalho que você quer fazer, e com quem quer trabalhar.
Escolher não depender das redes sociais.
Escolher a localização da sua casa, priorizando segurança e qualidade de vida.
Tudo isso é possível quando você vive de forma frugal, com mais consciência e menos exibição. Não é sobre o carro do ano ou o eletrônico mais novo do mercado, é sobre liberdade real, isso sim é um verdadeiro luxo.


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