Criar bons humanos é um exercício diário de maturidade emocional

Esses dias, numa conversa com uma prima ela me disse algo que ficou ecoando na minha cabeça:

“Acho que a maternidade traz muita maturidade.”

Na hora, apenas concordei no automático. Mas depois fiquei pensando mais a fundo…

Será que a maturidade vem junto com a maternidade? Ou será que é um caminho que a gente escolhe trilhar, conscientemente?

Pra mim, ser mãe está sendo, acima de tudo, um convite diário para me tornar uma pessoa melhor.

Quase como se minha filha tivesse colocado um espelho gigante na minha frente. Um espelho que me faz ver meus padrões, meus impulsos, minhas reações.

E me desafia: é isso que você quer ensinar?

Foi nesse contexto que cheguei ao livro “Criando Bons Humanos”, da Hunter Clarke-Fields. E logo no primeiro capítulo, tive uma virada de chave que preciso compartilhar aqui.

A mudança começa na gente

A autora defende que educar uma criança de forma consciente começa com o nosso próprio processo de autoconhecimento.

Antes de tentar moldar o comportamento dos nossos filhos, precisamos entender como estamos lidando com nossas próprias emoções.

Muitas vezes, reagimos no automático. Reproduzimos o que vivemos na infância mesmo sem perceber.

Gritamos, punimos, ignoramos, cedemos. Não porque queremos, mas porque é o que conhecemos.

E tudo isso vem de um lugar: cansaço, estresse, e históricos emocionais que vivenciamos e repetimos.

Foi aí que comecei a observar os meus próprios padrões.

Percebi que, quando as coisas fogem do controle, meu comportamento tende a ser reativo. E que isso não surge do nada, foi aprendido (essa foi a virada de chave): se você não quer uma criança, adolescente ou adulto reativo, precisa não agir dessa forma com eles.

Não é esse tipo de “herança” que eu quero passar adiante.

Ter essa consciência me deu um certo alívio na hora. Porque, quando a gente enxerga o que está fazendo, e por quê, pode começar a mudar.

O comportamento agressivo e impaciente com o outro não mostra apenas um aprendizado que ocorre, mas também uma imaturidade emocional, como relatado no livro o Cérebro da Criança, que eu trouxe em mais detalhes neste post aqui.

É um trabalho diário, contínuo, imperfeito, mas profundamente transformador para ambos.

Educar com presença

A Hunter diz:

“Se queremos ensinar as crianças a se acalmarem, precisamos primeiro aprender a nos acalmar. Se queremos ensinar empatia, precisamos praticá-la com elas e conosco.”

Hunter Clarke-Fields

Não adianta dizer “não jogue as coisas quando estiver bravo”, se nós mesmos atiramos o sapato da criança quando perdemos a paciência tentando calça-los, enquanto estamos atrasados para ir para escola.

Não adianta ensinar a se importar com os sentimentos dos outros, se quando nossos filhos estão irritados, reagimos ignorando a situação (“daqui a pouco ele para de chorar”).

Não adianta ensinarmos às crianças a serem resilientes, se nos demonstramos irritados por não ter conseguido aquela promoção no trabalho.

Educar é, antes de tudo, ser exemplo. É aí que entra a necessidade de consciência e auto controle.

Não se compare com outras mães, mas sim com você mesma na sua versão anterior e atual.

E aqui entra uma ferramenta prática, ensinada no livro, que quero dividir com você.

A pausa consciente

Antes de tentar ensinar uma criança a se acalmar, o adulto precisa aprender a se acalmar primeiro. A prática do mindfulness oferece ferramentas simples, como a respiração consciente, para desenvolver essa autorregulação.

Isso significa que, em vez de gritar ou punir no calor do momento, o adulto aprende a observar sua emoção e agir com mais clareza.

Quando sentir que vai explodir, com seu filho, seu companheiro, no trânsito ou no trabalho, tente o seguinte:

  1. pare. Reconheça o que está sentindo: “Estou irritada porque estou exausta.”;
  2. respire fundo 3 vezes ou conte até 10. Parece nada, mas já muda o estado do corpo. No livro O Cérebro da Criança os autores afirmam que a onda de emoções dura em média 90 segundos, pode ser o tempo que precisa para se recompor;
  3. escolha como responder. A reação automática vem do passado. A resposta consciente constrói o futuro.

Se acredita que não consegue resolver ainda assim, escolha se retirar do ambiente.

Peça licença para tomar um pouco de água ou ir ao banheiro (lá dentro grite em silêncio, soque o ar, se olhe no espelho puxando as bochechas para baixo até deformar seus olhos, expondo a linha d’água, por fim, se recomponha), depois retome com mais calma e uma atitude mais consciente.

Maturidade emocional não é apenas sobre como lidamos com os nossos sentimentos, mas sobre o impacto que causamos nos sentimentos dos outros.

Educar com consciência é também um processo de autoeducação.

Mindfulness já não é mais assunto restrito a gurus espirituais. É uma prática validada pela ciência e extremamente útil em um mundo com excesso de distrações.

Estar presente, com mente e corpo no mesmo lugar, é um gesto de amor. Amor pelos nossos filhos e por nós mesmas.

Eu não sou sua guru.

Mas posso compartilhar aprendizados que fazem sentido, baseados em pesquisas, estudos e reflexões que têm me transformado ao longo da maternidade.

Costumo dizer que ser mãe foi o maior curso de desenvolvimento pessoal que já fiz.

Ler sobre psicologia, comportamento, neurociência, saúde e nutrição tem me ajudado a me observar com mais clareza, entender minhas emoções e o que meu corpo diz.

Não pretendo ser perfeita, mas sim uma pessoa mais consciente, para mim e para minha filha.

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Imagem gerada por IA no WordPress, sem nenhuma interferência humana.


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Uma resposta para “Criar bons humanos é um exercício diário de maturidade emocional”.

  1. […] A rotina da mãe é imprevisível. Por isso, saber o que é urgente e delegar o que for possível é essencial. Nem tudo vai caber no mesmo dia, e está tudo bem. O mais importante é o bem-estar da família e o seu. Não se prenda a uma roupa que não foi lavada em um final de semana que a criança estava doente e demandou mais atenção. […]

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