O e-commerce brasileiro está sendo liderado por mulheres, e os negócios de moda estão em evidência. Essa é uma das principais descobertas do Relatório NuvemCommerce 2025, da Nuvemshop.
Para quem trabalha com comunicação, esse relatório é um verdadeiro tesouro — e, neste ano, trouxe insights surpreendentes que ampliaram minha visão sobre o mercado.
Com base nesses dados e tendências, trago aqui minha análise sobre o cenário atual do e-commerce, especialmente para quem trabalha com moda.
Metodologia da pesquisa
O Relatório NuvemCommerce 2025 foi elaborado a partir da análise de mais de 2.600 lojistas da Nuvemshop, abrangendo negócios em diferentes estágios de crescimento. A pesquisa, realizada entre novembro e dezembro de 2024, combinou questionários quantitativos e dados reais de desempenho de vendas ao longo do ano.
Embora o relatório seja focado nos usuários da plataforma, ele reflete um panorama mais amplo do mercado e confirma muitas das movimentações que já observamos no setor.
Quem são os clientes da Nuvemshop?
A maioria dos empreendedores da plataforma são mulheres, brancas, com ensino superior completo, entre 30 e 44 anos, para quem o e-commerce representa a principal fonte de renda. A maior parte delas está em São Paulo.
Esses dados me fizeram refletir sobre um desafio comum, da qual me enquadro: nessa fase da vida, muitas mulheres enfrentam a sobrecarga de conciliar a criação dos filhos, os cuidados com os pais idosos e a carreira. Quase metade acaba deixando o mercado de trabalho formal devido à falta de flexibilidade.
O empreendedorismo surge, então, como uma alternativa viável, permitindo que essas mulheres façam seus próprios horários e trabalhem de casa — algo que o modelo CLT dificilmente proporciona.
Além disso, elas empreendem em um segmento que conhecem bem: 60% das mulheres são consumidoras ativas de e-commerce.
Os principais desafios do e-commerce
Os lojistas da Nuvemshop apontaram as três principais dificuldades enfrentadas no e-commerce:
- baixa taxa de conversão;
- alto custo de marketing;
- alto custo de frete.
Isso mostra que, apesar de o comércio online ser visto como um ambiente democrático, o investimento em marketing e a otimização da experiência de compra são fundamentais para garantir vendas, e é nesse ponto que algumas marcas saem em desvantagem.
Como aumentar a conversão?
Uma boa taxa de conversão depende de:
- otimização do site;
- personalização da jornada do cliente
- redução da fricção no checkout.
Ferramentas de análise de carrinho abandonado ajudam a identificar pontos críticos, como frete alto, prazos longos ou falta de opções de parcelamento, que podem levar o cliente a desistir da compra.
Para impulsionar as vendas, muitos lojistas apostam em estratégias como:
- cupons de desconto;
- frete grátis;
- ofertas relâmpago;
- kits promocionais;
- cashback.
Outro grande desafio apontado é a falta de capital para reinvestimento. Isso exige criatividade e uso inteligente de tendências. Por isso, muitos empreendedores se tornam influenciadores de suas próprias marcas, utilizando as redes sociais como canal principal de vendas.
No entanto, surge um novo obstáculo: falta de tempo e domínio da tecnologia. Para lidar com isso, terceirizar e automatizar tarefas operacionais pode ser essencial para focar no que realmente importa.
Ainda assim, 77% dos lojistas se mostram confiantes no e-commerce, principalmente pela conveniência das compras online.
Moda: o setor que lidera o e-commerce
A moda é o segmento mais popular entre os vendedores da Nuvemshop:
- 32% dos lojistas atuam no setor;
- R$ 1,6 bilhão em faturamento — o maior entre todas as categorias.
Para comparar, os setores seguintes faturaram:
- saúde e beleza – R$ 442,5 milhões;
- acessórios – R$ 294 milhões.
Com um mercado tão concorrido, inovação e branding se tornam diferenciais essenciais. Tecnologias como Inteligência Artificial (IA), Realidade Aumentada (RA) e Realidade Virtual (RV) já começam a ganhar espaço.
Esse tipo de tecnologia pode parecer distante dos micro e pequenos empreendedores, porém, a cada dia essas ferramentas estão mais acessíveis, então terão um novo desafio: se destacar pelo produto que oferecem, atendimento conveniente e pelo que a marca representa.
Nesse contexto, as redes sociais desempenham um papel fundamental nas vendas. Segundo o relatório, os principais canais de marketing para os lojistas são:
- Instagram – 98%;
- WhatsApp – 64%;
- Facebook – 59%;
- TikTok – 39%;
- Pinterest – 15%.
Apenas 2% dos vendedores não utilizam redes sociais.
O Instagram e o WhatsApp são os principais canais de vendas diretas, enquanto os marketplaces (Mercado Livre, Shopee, Magazine Luiza) ocupam o terceiro lugar.
Uma informação interessante é que 76% das vendas ocorrem pelo WhatsApp. Isso reforça a importância do atendimento personalizado, que facilita a decisão de compra e pode aumentar o ticket médio.
Outra tendência promissora é o TikTok Shop, que deve chegar ao Brasil em breve e promete competir com o Instagram Shopping.
Empresas de alto faturamento investem em
- Mídia paga;
- branding e posicionamento;
- estratégias de redes sociais.
O branding se mostra altamente estratégico para a expansão de negócios digitais, especialmente em mercados saturados como o da moda.
As datas mais lucrativas para o e-commerce
As quatro datas que mais movimentam o comércio online são:
- Black Friday;
- Natal;
- Dia das Mães;
- Dia dos Namorados.
Nessas ocasiões, a concorrência também aumenta, tornando fundamental planejar campanhas com antecedência.
Meios de pagamento mais usados
- Cartão de crédito – 57%;
- PIX – 42%.
Vendo esse dado, podemos perceber o grande potencial do PIX parcelado, que pode substituir os cartões de crédito e é uma grande aposta para o futuro.
O que esperar do e-commerce de moda em 2025?
Os empreendedores já sabem o que precisam para vender mais, mas ainda enfrentam barreiras como acesso à informação e tecnologia acessível. Algumas inovações esperadas para os próximos meses incluem:
- vídeos de produtos no site;
- provador virtual;
- live commerce;
- chatbots para atendimento;
- integração de carteiras digitais.
Para quem deseja abrir uma loja virtual, é essencial estar atento aos principais desafios, como:
- alto custo de marketing e frete;
- baixa conversão e carrinhos abandonados;
- fraudes e excesso de trocas e devoluções.
Se você já tem uma loja física e deseja expandir para o digital, está em vantagem. O varejo físico fortalece a relação com o cliente, aumenta a confiança na marca e pode impulsionar o sucesso no online. Empresas que combinam físico e digital têm maior faturamento, segundo essa pesquisa.
Importante destacar que, apesar da ascensão do e-commerce, o varejo físico ainda domina as vendas no Brasil, nos EUA e na China.
Resumo final: qual será o seu diferencial nesse contexto?

Diante de todos esses dados, fica claro que o e-commerce de moda no Brasil é um setor dinâmico, promissor e extremamente competitivo. As mulheres estão na liderança desse mercado, ao meu ver, impulsionadas pela necessidade de flexibilidade e pela oportunidade de empreender em um setor que conhecem e consomem.
No entanto, os desafios são muitos: desde a baixa conversão até os altos custos de marketing e logística, passando pela necessidade de diferenciação em um ambiente digital cada vez mais saturado.
A solução para crescer no mercado online não está apenas em seguir tendências tecnológicas, mas em compreender o comportamento do consumidor, otimizar a experiência de compra e fortalecer a identidade da marca. Estratégias como o uso inteligente das redes sociais, a personalização do atendimento e o fortalecimento do branding são diferenciais essenciais para se destacar.
Ao mesmo tempo, o digital não elimina a importância do físico. Lojas que combinam os dois mundos tendem a ter mais sucesso, pois criam relações de confiança e oferecem uma experiência mais completa ao cliente. Além disso, o e-commerce continuará evoluindo com novas tecnologias, como IA, provadores virtuais e live commerce, tornando o mercado ainda mais sofisticado.
Porém, no fim das contas, quando todos tiverem acesso às mesmas ferramentas e tecnologias, o que realmente fará sua marca se destacar? Será o branding forte? A qualidade do produto? O relacionamento próximo com o cliente? Ou a combinação de todos esses elementos?
A resposta para essa pergunta pode definir o futuro do seu negócio.


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