Nos filmes, livros e até na vida real, é comum ouvir histórias de pessoas que perderam a própria essência em nome do status. Elas acumulam poder, fama, seguidores e, em algum momento, percebem que a própria identidade se dissolveu. Mas será que estamos tão distantes dessas narrativas?

Hoje, com as redes sociais, essa busca ganhou uma nova roupagem. Vivemos em um mundo onde ser visto parece mais importante do que ser, e a pressão para agradar o público ou “vencer o algoritmo” pode nos moldar sem que percebamos.

A influência das redes sociais na construção de identidade

Em plataformas como o LinkedIn, o Instagram ou o TikTok, não é raro encontrar pessoas que criam narrativas falsas ou vazias para ganhar visibilidade. Frases de efeito óbvias, histórias “perfeitas” e conteúdos genéricos inundam os feeds, muitas vezes premiados por curtidas e compartilhamentos.

Essa busca por visibilidade pode parecer inofensiva, mas, no fundo, revela um desejo coletivo por aceitação e validação, e o resultado é uma crise de identidade, sobretudo para os mais jovens.

Estudos reforçam o impacto desse fenômeno na saúde mental. Segundo a Royal Society for Public Health, o uso excessivo de redes sociais está associado a um aumento de ansiedade, depressão e distorção da autoimagem, especialmente entre os jovens. A busca incessante por validação faz com que a autoestima dependa de métricas superficiais, como curtidas e seguidores, criando um ciclo de insatisfação constante.

Para quem quiser se aprofundar sobre esses efeitos, recomendo acompanhar Jonathan Haidt, psicólogo e autor de The Anxious Generation.

Quem nunca teve a sensação de que tudo está igual? As mesmas fotos, os mesmos estilos de vida, as mesmas frases motivacionais replicadas à exaustão. Parece que a autenticidade foi trocada por um molde padronizado que promete o sucesso, mas entrega o vazio.

Aqueles que tentam manter uma postura genuína, por outro lado, muitas vezes enfrentam críticas ácidas, principalmente as mulheres: “Você está velha”, “Seu cabelo fica melhor longo”, “Como você decaiu depois de virar mãe” — comentários como esses mostram o lado sombrio da exposição online. É como se o anonimato das telas desse permissão para externalizar as próprias frustrações e inseguranças.

Entre moldar-se ao algoritmo e manter-se autêntico

Apesar da pressão, há pessoas que conseguem se manter fiéis a si mesmas em meio ao caos digital. Alguns influenciadores compartilham falhas, vulnerabilidades e realidades fora do padrão, e são exemplos de que a autenticidade ainda tem lugar no mundo virtual.

Esse tipo de conteúdo, cria uma conexão real e nos lembra que a perfeição exibida nas redes é, muitas vezes, apenas uma ilusão bem editada.

Manter-se autêntico é um ato de coragem. Em uma era onde a validação instantânea é a moeda mais valiosa, escolher ser você mesmo — com todas as imperfeições — é revolucionário. Não significa ignorar o público, mas sim entender que não é possível agradar todo mundo.

Você só precisa achar sua comunidade. Afinal, você se comunica melhor quando fala com um grupo específico, que compartilha dos mesmos valores.

O impacto mental da busca por validação

A obsessão por status nas redes sociais não apenas consome tempo e energia, mas também desgasta a saúde mental. Segundo dados da American Psychological Association (APA), jovens que passam mais de três horas por dia em redes sociais apresentam maiores taxas de sintomas de ansiedade e depressão. A constante comparação com vidas aparentemente perfeitas gera uma sensação de inadequação e fracasso, mesmo que a realidade por trás das câmeras seja completamente diferente.

E o que dizer das personalidades mais vulneráveis? Elas se moldam às expectativas, perdem a própria identidade e, ao encontrar um grupo que valida suas exposições, acreditam que “está tudo bem”. Mas será que está? Precisamos refletir sobre o impacto que essa busca tem em quem somos de verdade.

Como resistir à pressão e ressignificar a vida

No final das contas, a questão não é apenas o que você está disposto a fazer para ganhar status, mas o que está disposto a perder. A autenticidade pode não gerar tantos likes, mas ela gera algo muito mais valioso: liberdade e paz interior.

Manter-se fiel a si mesmo exige autoconhecimento e coragem para não se moldar às expectativas do mundo. É melhor ser lembrado pelas histórias que vive do que pelas mentiras que conta, para os outros e para si mesmo.

Portanto, antes de se perder na tentativa de agradar ao algoritmo ou ao público geral, pergunte-se: isso faz sentido para mim?

Não há problema em se desconectar do barulho externo para ressignificar sua vida, sua rotina e suas prioridades. Trabalhe para construir algo real — algo que transcenda números e métricas. No fim, o verdadeiro poder não está em ser reconhecido pelos outros, mas em reconhecer a si mesmo.

Que tal usar sua voz para construir algo genuíno? Que tal inspirar e não apenas impressionar?

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Imagem: Pexels


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9 respostas para “A perda da identidade na era digital”.

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  2. […] A busca pela superioridade, outro conceito central de Adler, não é um desejo egocêntrico, mas um impulso por se superar. No entanto, num mundo que valoriza performance, status e aparência, essa busca facilmente se distorce. Troca-se o crescimento interior por conquistas externas, muitas vezes financiadas com parcelamentos e dívidas, em nome de uma imagem. […]

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  3. […] só por uma frase que ela publicou, isso é um sintoma. Quando todos os temas viram uma espécie de identidade tribal, o diálogo desaparece. Ninguém escuta, só […]

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  4. […] Influenciadores que pregam dietas impossíveis ou padrões de beleza inalcançáveis não fazem bem para sua autoestima. Priorize a saúde, o equilíbrio e a imagem que você construiu para si, não para agradar os outros. […]

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  5. […] resultado é a falta de identidade, sobretudo daqueles que ainda estão em formação, como adolescentes e jovens […]

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  6. […] disso, a comparação nas redes sociais afeta profundamente nossa autoestima. Jovens perdem o senso de identidade. Adultos se sentem insuficientes. Até algo aparentemente simples, como seguir contas de mães […]

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  7. […] do jogo de quem fala alto e o tempo todo, mas tudo bem. Porque, no final das contas, é escrevendo que eu me encontro. E talvez seja aqui que algumas pessoas também venham a se […]

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