Se você largar as redes sociais, mas continuar online, prepare-se para isso

Você já sentiu o incômodo de perder tempo online? Aquela sensação de que um aplicativo está te sugando e que é hora de parar?

Talvez você até tenha desistido de usar o Instagram, desativado sua conta ou excluído o app. Mas, logo depois, o tédio surge, e você encontra outro lugar para preencher o vazio. Assim começa o ciclo.

A lógica é sempre a mesma. Você tira o Instagram, mas logo está no YouTube, navegando sem rumo. A insatisfação retorna, e o YouTube também é bloqueado. Então vem o LinkedIn, afinal, é uma rede de trabalho, certo? Nada de errado em buscar insights. Mas, de repente, você percebe que está rolando o feed incessantemente, sem absorver nada útil.

Decidido a mudar de vez, você toma uma atitude radical: apaga todas as redes sociais.

Agora sim, vai usar o celular para algo produtivo! Um joguinho para estimular o raciocínio? Ótimo. Aprender um idioma no Duolingo? Melhor ainda. Mas, com o tempo, essas opções também perdem o encanto, e a sensação de ser involutivo volta a bater à porta.

Mesmo assim, você continua preso. Afinal, não pode abandonar o progresso no jogo ou os dias consecutivos de prática no app de idiomas.

A dependência evolui. Você começa a baixar aplicativos “essenciais” para justificar o uso. Um lembrete para beber água, um cronômetro pomodoro, uma lista de tarefas… Mas, no fundo, são só novos pretextos para continuar grudado na tela.

Tradução: Eu não sou nenhum pouco viciado no meu smartphone, porque tenho um aplicativo que me avisa se estou viciado, e ele ainda não tocou.

A verdadeira liberdade não está em gerenciar melhor o uso do celular com mais aplicativos. Ela começa quando você deixa o aparelho de lado e faz as coisas acontecerem conectado ao presente. Em resumo, é quando se desconecta de verdade.

O problema é que o uso excessivo do celular criou em nós uma aversão ao tédio. Aqueles momentos simples – esperando o elevador, deitado na cama antes de dormir, lavando a louça – se tornaram quase insuportáveis.

A ausência de estímulos que causam a liberação rápida de dopamina parece uma tortura.

E ainda que seja difícil no início, acredite: isso passa. Quando você supera a necessidade de estar sempre conectado, descobre o prazer de estar presente. De finalizar um livro, praticar um esporte ou assistir a um filme inteiro sem se render às notificações.

Foi isso que aprendi ao mudar minha relação com o celular. Hoje, só tenho aplicativos essenciais, silenciei quase todas as notificações. Apenas chamadas da minha família estão ativas – e bem altas, para garantir que não perca nada importante.

Meu celular agora fica em um canto, quase esquecido, como aquele livro que você se prometeu terminar um dia. E eu recarrego sua bateria em dias alternados.

Os aplicativos como o WhatsApp, Uber, Waze, banco, câmeras de segurança, plano de saúde, ainda são essenciais para que eu não o troque por um aparelho mais simples. Sim. Eu ainda preciso do meu telefone para funções específicas.

A questão não é sobre banir a tecnologia totalmente da vida, mas redefinir como ela ocupa o nosso espaço.

A dependência do celular não se resolve com mais aplicativos. Ela exige autoanálise e uma mudança na forma como lidamos com o tédio e a presença em momentos do nosso dia a dia.

A solução vem de uma pergunta: como você pode preencher o seu tempo longe das telas?



Foto de Photo By: Kaboompics.com: Pexels


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4 respostas para “Se você largar as redes sociais, mas continuar online, prepare-se para isso”.

  1. […] conteúdos podem servir como ponto de partida para aqueles que desejam conscientizar-se sobre os danos causados pelo uso excessivo do smartphone e iniciar uma mudança de vida em direção ao […]

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  2. […] como estar “ocupado” pode ser apenas uma forma disfarçada de fugir da vida real. E as redes sociais têm um papel enorme em alimentar esse tipo de […]

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  3. […] das redes sociais e das exigências dos mecanismos de busca, também buscaram refúgio por lá. Mas a ferramenta está cada vez mais próxima das redes sociais, incorporando espaços para posts curtos semelhantes ao X e ao Threads e, agora, vídeos curtos […]

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  4. […] Encontre novos hobbies, pratique esportes, leia, pinte ou cozinhe. Quanto mais seu tempo fora da internet for enriquecedor, menos você vai sentir falta das redes sociais. […]

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