Minimalismo digital: técnicas para evitar o “brain rot”

O final do ano é o momento ideal para fazer uma limpeza — não só no ambiente físico, mas também no digital — e planejar novos hábitos que impactem positivamente todos os aspectos da vida.

O “brainrot”, a palavra do ano segundo a Oxford University Press, refere-se à confusão mental, letargia, perda de foco e declínio cognitivo provocados pelo uso excessivo de telas, de uma forma que não gera esforço mental, mas causa desgaste. Embora não seja um diagnóstico médico oficial, é um fenômeno real que afeta especialmente jovens adultos.

A condição ocorre quando passamos horas navegando entre redes sociais, vídeos, e-mails e abas de navegador, super estimulando nosso cérebro. Essa prática constante libera dopamina, criando uma sensação de prazer temporário que pode se transformar em vício comportamental, dificultando a interrupção do hábito.

Em meio a tantas pesquisas que comprovam os malefícios do excesso de telas, entender esse conceito pode ser a oportunidade de começar transformações que promovam mais bem-estar e equilíbrio.

Veja se você possui esses comportamentos comuns associados ao brain rot

  • Rolagem zumbi: navegação sem sentido, apenas rolando o feed.
  • Doomscrolling: busca compulsiva por notícias negativas.
  • Vício em mídias sociais: necessidade persistente de acessar redes como Instagram ou TikTok.
  • Excesso de videogames: uso compulsivo que compromete outras áreas da vida.

Impactos do brain rot na saúde mental e emocional

O consumo excessivo de conteúdos digitais prejudica o bem-estar emocional ao:

  • dessensibilizar o sistema de recompensa do cérebro, dificultando a vivência de emoções positivas;
  • aumentar os níveis de estresse, ansiedade e depressão, especialmente entre aqueles que se comparam com as vidas idealizadas vistas online;
  • prejudicar funções cognitivas, como memória, organização, tomada de decisões e atenção.

Minha experiência com o brain rot

Sou formada em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas e especialização em Marketing Digital. Desde 2018, trabalho com comunicação digital, especialmente redes sociais. Para mim, as redes sempre foram ferramentas de trabalho e lazer, mas o uso excessivo tanto no âmbito profissional quanto no pessoal começou a pesar. O excesso de informação e estímulos estava exaurindo minha energia mental.

Comecei a perceber sintomas claros principalmente durante a pandemia: cansaço constante, sensação de perda de memória e dependência digital — sempre buscando ideias no celular ou me entretendo nele. Era como se eu estivesse presa em um ciclo vicioso, e isso começou a me incomodar profundamente. Foi então que decidi agir.

Ao estudar sobre como as redes sociais são projetadas para capturar e prender nossa atenção, desenvolvi uma aversão ao modelo adotado pelas big techs de mídia. Com a maternidade em 2023 e uma rotina mais cheia, percebi que era o momento de ser mais radical.

Comecei pelo Instagram, mas notei que, ao removê-lo, transferia minha atenção para outros aplicativos, como YouTube e LinkedIn. Decidi, então, tirar todas as redes sociais do celular. Atualmente, uso o LinkedIn apenas no computador para fins profissionais, mas meu objetivo é eliminar esse uso também.

A redescoberta da vida offline

Esse processo não foi fácil no início, mas à medida que fui trocando os hábitos e experimentando os benefícios de estar menos conectada, tudo ficou mais natural. Ficar longe das redes me trouxe mais tempo, clareza mental e um senso de controle sobre meu dia.

Se você também sente que a tecnologia domina sua rotina, talvez seja hora de considerar o minimalismo digital para evitar o brain rot.

O Que é Minimalismo Digital?

O minimalismo digital é uma prática que propõe o uso consciente das telas, priorizando o que é essencial. Não significa eliminar a tecnologia da sua vida, mas utilizá-la de forma intencional, colocando suas prioridades offline em primeiro lugar.

O objetivo é reduzir a dependência digital e abrir espaço para atividades que realmente trazem significado, como ler, cozinhar, passear com o cachorro, praticar exercícios físicos ou simplesmente estar presente com as pessoas ao seu redor.

Como aplicar o minimalismo digital na prática

Se você está pronto para começar, aqui estão alguns passos simples para implementar o minimalismo digital hoje mesmo:

1. Silencie notificações

Ative notificações apenas para contatos essenciais. Silencie ou desative o restante para evitar distrações desnecessárias.

2. Selecione o que seguir

Nas redes sociais, siga apenas perfis que agreguem valor à sua vida. Remova ou silencie aqueles que não contribuem positivamente.

3. Substitua hábitos

Troque o hábito de rolar o feed por atividades significativas. Planeje o dia para incluir exercícios, leitura, passeios ou hobbies que você goste. Faça essas atividades sem o celular por perto.

4. Crie ambientes offline

Defina alguns espaços da sua casa como zonas livres de tecnologia, como o quarto ou a sala de jantar. Guarde o celular em uma gaveta para evitar a tentação.

5. Estipule horários para desconectar

Evite o uso do celular antes de dormir. Essa prática melhora a qualidade do sono, ajuda a relaxar e reduz a sensação de cansaço ao acordar.

6. Use o modo “Não Perturbe”

Ative o modo “Não Perturbe” ao realizar tarefas importantes ou durante a noite. Isso garante que você não será interrompido por notificações desnecessárias.

7. Monitore seu tempo de uso

Defina limites de tempo de uso. Utilize aplicativos ou ferramentas integradas no celular para monitorar o tempo de tela. Ver os números pode ser um alerta importante sobre como você está gastando seu tempo.

8. Seja radical, se preciso

Considere desinstalar aplicativos que consomem muito tempo, como redes sociais e jogos. Revise suas atividades no celular e elimine as que não fazem sentido ou que podem ser realizadas de outra forma.

9. Conecte-se presencialmente

Priorize encontros presenciais com pessoas agradáveis e que oferecem apoio emocional, fortalecendo vínculos autênticos.

10. Faça um detox digital

Estipule períodos ou dias para ficar sem tecnologia. Experimente desconectar-se por curtos períodos, aumentando a duração gradualmente.

Conclusão

Ao adotar essas práticas, você perceberá que o cansaço e a falta de energia frequentemente são sintomas de estafa digital, muitas vezes associados ao fenômeno conhecido como brain rot.

Recuperar o controle sobre seu tempo e sua atenção não apenas ajuda a mitigar os efeitos da brain rot, mas também pode transformar sua produtividade e, mais importante, melhorar significativamente sua qualidade de vida.

O final do ano é um convite para a mudança. Que tal começar agora?

Imagem do Pexels.


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10 respostas para “Minimalismo digital: técnicas para evitar o “brain rot””.

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