Redes sociais vs. leitura: impactos no cérebro e benefícios cognitivos

Recentemente, me deparei com um artigo incrível de Carmen de Labra Pinedo, Professora Titular de Fisiologia na Universidade da Coruña. Foi um daqueles textos que me fizeram pensar: “Eu adoraria ter escrito isso.”

Mas, claro, ela traz um domínio técnico e uma profundidade que tornam sua análise muito melhor do que qualquer coisa que eu poderia ter escrito. Inspirada por seu embasamento científico, decidi criar um esquema comparativo sobre como as redes sociais e a leitura afetam o cérebro de maneiras opostas.

A seguir, você verá como cada hábito molda nossa mente – e os impactos disso no nosso dia a dia.

1. Estímulo cognitivo e processamento profundo

  • Leitura: envolve processamento profundo no cérebro, ativando áreas como o córtex pré-frontal e o hipocampo. Essas regiões são fundamentais para planejamento, reflexão e memória de longo prazo. A leitura exige conexão de ideias e compreensão de temas, fortalecendo circuitos neurais responsáveis pela atenção e aprendizagem.
  • Redes Sociais: o consumo de conteúdos breves e rápidos ativa áreas como o núcleo accumbens, responsável pela gratificação imediata. Esse estímulo fragmentado prejudica a concentração e a capacidade de memorizar, enfraquecendo os circuitos neurais necessários para aprendizado profundo.

2. Gratificação: curto prazo vs. longo prazo

  • Leitura: libera dopamina de forma gradual, recompensando o avanço na narrativa. Essa dinâmica desenvolve autocontrole e habilidades de regulação emocional, além de incentivar a paciência.
  • Redes Sociais: geram picos rápidos de dopamina a cada “curtida” ou interação, promovendo uma dependência por estímulos constantes. Essa gratificação instantânea, embora intensa, é passageira e pode reduzir a tolerância à frustração, especialmente em jovens.

3. Desenvolvimento emocional e empatia

  • Leitura: explorar emoções e perspectivas através de personagens ativa áreas como o sulco temporal superior e o córtex pré-frontal medial, promovendo empatia e desenvolvimento emocional saudável.
  • Redes Sociais: apesar de gerarem respostas emocionais, estas tendem a ser superficiais e rápidas. Muitas vezes, desencadeiam comparações sociais e emoções negativas, como ansiedade, o que pode impactar a resiliência emocional e dificultar o autoconhecimento.

4. Memória: episódica e de longo prazo

  • Leitura: fortalece a memória episódica e semântica, exigindo que o leitor retenha e conecte informações ao longo da narrativa. Esse processo também estimula o pensamento crítico e consolida habilidades de raciocínio.
  • Redes Sociais: promovem apenas memórias de curto prazo, oferecendo fragmentos de informações que não são processados profundamente. Esse consumo constante de estímulos visuais afeta a plasticidade sináptica e reduz a capacidade de retenção a longo prazo.

5. Neurogênese e saúde cerebral

  • Leitura: a prática regular estimula a neurogênese (criação de novos neurônios) e preserva a saúde cerebral, reduzindo riscos de declínio cognitivo e emocional com o envelhecimento.
  • Redes Sociais: o uso excessivo pode causar danos, como aumento da impulsividade e redução da capacidade de atenção, além de estar associado a problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão.

Reflexão Final

A ciência é clara: enquanto as redes sociais oferecem uma gratificação efêmera e podem causar impactos negativos no cérebro, a leitura promove benefícios duradouros, fortalecendo memória, empatia e desenvolvimento emocional.

Basta olhar ao redor, ou para si mesmo, para perceber como essas informações do artigo são reais.

Ainda acrescento que a leitura promove o relaxamento, enquanto as redes sociais geram um estímulo para o cérebro que aumenta a excitação e gera cansaço.

Talvez seja hora de dar uma chance àquele livro esquecido na mesa de cabeceira e deixar o celular de lado. Que tal começar por um desses 3 que eu sugiro aqui neste post para que você abandone de vez as redes sociais?


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16 respostas para “Redes sociais vs. leitura: impactos no cérebro e benefícios cognitivos”.

  1. […] decidimos passar uma hora rolando o feed das redes sociais em vez de ler um livro, não estamos apenas usando o tempo de forma diferente: estamos investindo nossa atenção em algo […]

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  2. […] disso, o autor destaca a importância de cultivar hobbies analógicos, como leitura, escrita, artesanato e atividades ao ar livre, que podem proporcionar uma sensação de […]

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  3. […] redes sociais, por sua vez, oferecem palco a vozes persuasivas, ainda que vazias, e muitas vezes de pessoas […]

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  4. […] o primeiro passo para filtrar o que vale a pena. Com o tempo, você vai perceber que a maioria dos conteúdos que prendem nossa atenção não trazem benefício real, e alguns ainda são sensacionalistas e deixam nossa mente em constante estado de alerta, sem […]

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  5. […] É o tipo de trabalho realizado com concentração total, livre de distrações, que exige esforço cognitivo intenso e gera valor real. É o oposto do “trabalho superficial”, como parar para checar e-mails constantemente ou interromper uma tarefa para rolar o feed de redes sociais. […]

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  6. […] A leitura é uma atividade que não oferece recompensa imediata. Ela exige tempo, concentração, silêncio. Mas é justamente por isso que ela nos ajuda a desacelerar. […]

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  7. […] que ler fortalece as conexões neurais, reduz o estresse e melhora o foco e a criatividade, diferente de ficar nas redes sociais. Ou seja, só de abrir um livro e se dedicar à leitura, você já está investindo na sua saúde […]

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  8. […] As redes sociais frequentemente utilizam dark patterns para maximizar o engajamento e a coleta de dados dos usuários. Aqui estão alguns exemplos comuns de dark patterns em plataformas sociais: […]

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  9. […] reduza o consumo de informações superficiais e passe a buscar fontes mais enriquecedoras, como a literatura. Além de exigir maior esforço mental, ela oferece perspectivas mais sólidas e duradouras. E no […]

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  10. […] o tempo de tela por atividades offline — como leitura, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças ou brincadeiras ao ar livre — ajuda a promover saúde mental […]

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  11. […] últimos anos, tem aumentado a busca por atividades como leitura, exercícios ao ar livre e momentos de desconexão. A Capricho, com seu mix de moda, comportamento […]

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  12. […] preferência estética: é um sinal de que estamos reavaliando nossa relação com a tecnologia. O livro físico simboliza um momento de pausa e presença, longe dos estímulos incessantes das […]

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  13. […] redes sociais vai além do cansaço psicológico. Elas drenam a criatividade e afetam diretamente a saúde mental. A cada ideia que viraliza, há dezenas de outras que falharam. Mas o mercado não aceita bem o […]

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  14. […] o hábito de rolar o feed por atividades significativas. Planeje o dia para incluir exercícios, leitura, passeios ou hobbies que você goste. Faça essas atividades sem o celular por […]

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  15. Muito bom! O maior perigo é esse costume com a gratificação imediata, por isso muita gente não consegue parar pra ver um filme. É terrível. Ótimo conteúdo!!

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    1. Obrigada pela sua contribuição, Beatriz! Muitas pessoas não percebem que um modo não substitui o outro, podem ser complementares. Um vídeo de resumo nunca substituirá a imersão na leitura completa.

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