Como os algoritmos das redes sociais estão destruindo o seu cérebro

Acredito que hoje já não é novidade para ninguém que os algoritmos das redes sociais, e todas as suas funções, são constantemente modificados para manter você mais tempo on-line.

Para ser mais direta: eles planejam tudo para te viciar.

A prova disso é que com o passar dos anos as pessoas estão cada vez mais com os seus dispositivos nas mãos, rolando feeds para ver novos conteúdos e, sem perceber, afetando os seus comportamentos e o funcionamento de seus cérebros.

As big techs, donas das redes sociais, mantêm os dados globais de usuários em sigilo, o que impossibilita uma pesquisa profunda sobre como estão interferindo na saúde mental das pessoas.

Porém, basta se afastar um pouco para sentir como esses aplicativos são tomadores de tempo, memória, sono, atenção e até de personalidade.

Veja como cada aspecto que é afetado em sua vida:

Perda de tempo com redes sociais

Atire a primeira pedra quem nunca se assustou com as horas passando enquanto estava preso no Instagram ou TikTok. Os vídeos curtos geram a impressão de um pequeno espaço de tempo, mas que somado pode virar um longa metragem.

Dificilmente uma pessoa pararia 5,4 horas do seu dia para ver um filme sobre temas aleatórios, mas  esse é o tempo médio gasto no TikTok no Brasil, segundo uma pesquisa do app Annie, de 2021.

Em boa parte desse tempo a pessoa está atraída pela possibilidade de que o próximo vídeo será mais interessante ou mais engraçado, e quando o vídeo legal surge, libera-se um pouco mais de dopamina.

Enquanto isso, deixa de lado hábitos mais saudáveis para o corpo e mente, como atividades físicas, sono de qualidade, preparação de uma refeição natural, interação com a família ou leitura de um livro.

Memória e redes sociais

Agora, pense em todo esse excesso de informação sendo absorvida pelo cérebro, você acha que as pessoas se lembram de tudo que viram?

A resposta é não. Nosso cérebro não é capaz de armazenar tantos dados, por isso os usuários sentem que estão absorvendo informações de forma superficial. Além disso, a distração causada pela tela, faz com que você não preste a atenção profundamente no que está fazendo. O que também gera um esquecimento fácil.

O excesso de estímulo também não deixa o cérebro relaxar, o que causa uma sensação de estafa e também contribui para uma memória falha.

Uso de smartphones e sono

A insônia vem sendo uma queixa constante dos usuários de internet mais assíduos. A luz emitida pela tela atrapalha a produção do hormônio que leva ao adormecimento, a melatonina.

Portanto, ver vídeos e ler no smartphone ou tablet antes de dormir deixa o cérebro mais ativo causando dificuldade para dormir e tornando o sono superficial.

O resultado é um cansaço constante, mesmo tendo dormido, e habilidades cognitivas defasadas, o que atrapalha o aprendizado e, mais uma vez, a memória é afetada.

Perda de atenção e redes sociais

Todos os fatores citados anteriormente criam um ciclo vicioso, e nesse ciclo a atenção também fica prejudicada.

O excesso de informação e a distração causados pelas redes sociais fazem com que as pessoas estejam menos conectadas com o momento presente. Distraídas, não lembram de muitas coisas que vivenciam. Para complementar, a falta de sono ainda potencializa essa desconexão.

Nesse caso, não são 10 minutos de mindfulness que vão resolver o problema de foco, já que é preciso pensar no corpo de maneira integral.

Muitas pessoas, por verem os sinais em vídeos na internet acreditam que possuem TDAH, pois os sintomas são bem parecidos com a condição, mas basta fazer um detox digital, para perceber que não há nada de errado.

Personalidade e redes sociais

Com as redes sociais as pessoas voltam os olhares mais para fora do que internamente. É uma vida repleta de comparações e julgamentos. E a vulnerabilidade de algumas pessoas podem fazer com que se moldem para serem aceitas no meio.

O resultado é a falta de identidade, sobretudo daqueles que ainda estão em formação, como adolescentes e jovens adultos.

É notável que o usuário monte uma personalidade para agradar os outros e ser aceito e reconhecido por grupos, até que nem ele mesmo se reconhece, em busca de visualizações, curtidas e comentários.

A crise de identidade gera frustração e pode levar a transtornos mentais de diferentes níveis.

Essa luta por aceitação, também faz com que muitas garotas queiram ter os rostos dos filtros do Instagram, a cintura daquela influencer, os produtos daquele vídeo de maquiagem. A indústria da beleza é um prato cheio para as inseguranças geradas.

E no fim, é tudo sobre marketing. Para quem não sabe, as redes sociais são empresas de mídia, ou seja, elas cedem seus espaços de atenção para publicidade, mas isso é um assunto para outro tópico.

Saúde mental das adolescentes e redes sociais

Uma pesquisa realizada entre os anos de 2011 e 2021 demonstrou o aumento da crise de saúde mental que envolve principalmente garotas. A maioria das adolescentes (57%) agora diz que experimenta tristeza ou desesperança persistentes (acima dos 36% em 2011), e 30 % de meninas adolescentes dizem agora que consideraram seriamente o suicídio (acima dos 19% em 2011).

Essas crescimento significativo trouxe ao debate a influência das redes sociais no comportamento das jovens.

A questão parte da substituição de interações sociais presenciais, brincadeiras que envolvem movimento e riscos (para manter a segurança e integridade física das crianças) até a substituição desses momentos pela tela.

O mais intrigante desse momento em que vivemos é que foi uma mudança social, ou seja, o vício em redes sociais, diferente do vício em açúcar, não afeta apenas o usuário, mas também que não a utiliza.

Se uma adolescente resolve que não vai utilizar as redes sociais, pois sente que sua saúde mental está sendo afetada, ela também perde ali um dos principais, senão o principal, meios de comunicação e interação com os amigos.

Como o excesso de informações está destruindo seu cérebro

Veja neste vídeo:

Imagem: Pexels


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8 respostas para “Como os algoritmos das redes sociais estão destruindo o seu cérebro”.

  1. […] também discute o modelo de negócio que sustenta as plataformas: a captura da atenção e a coleta massiva de dados. Ela descreve como algoritmos foram desenhados para estimular emoções […]

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  2. […] que chegam com um “autodiagnóstico” feito a partir de vídeos e conteúdos genéricos das redes sociais, em especial do TikTok e do […]

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