Como analisar empresas antes de comprar ações na bolsa

Investir em ações pode parecer complicado no início, mas, na prática, é como qualquer outra escolha de consumo. Pense comigo: como você descobre se um chocolate é bom? Você prova diferentes marcas e compara. Só assim consegue saber qual tem mais sabor, o que possui o melhor custo-benefício etc.

Com empresas na bolsa acontece o mesmo: só faz sentido analisar os números de uma companhia quando você os coloca lado a lado com outras do mesmo setor.

Você pode até comparar chocolates com bananas, mas não seria uma comparação justa (o chocolate pode liderar em sabor, a banana lidera em saudável). Assim como um supermercado e uma mineradora podem ser negócios com indicadores diferentes, pois funcionam de maneiras completamente distintas.

1. Entenda o setor antes da empresa

Antes de escolher a ação, estude o setor de atuação. Quem são os concorrentes? Qual o tamanho do mercado? Quais os desafios e as tendências?

Por exemplo: o setor de energia elétrica é conhecido por estabilidade e pagamento de dividendos, enquanto o setor de tecnologia pode ter empresas mais arriscadas, mas com potencial de crescimento acelerado.

Depois que você entende o contexto, fica mais fácil identificar quais empresas estão mais bem posicionadas.

2. Principais indicadores para comparar empresas

O próximo passo é selecionar os indicadores financeiros mais relevantes. Eles servem como uma régua para medir rentabilidade, endividamento e valorização.

Os principais são:

  • CAGR (lucro líquido 5 anos): mostra o crescimento médio do lucro ao longo do tempo.
  • Dívida líquida: mede o quanto a empresa deve em relação ao que tem em caixa.
  • Dividend Yield (DY): indica o percentual de dividendos pagos em relação ao preço da ação.
  • Margem líquida: mostra quanto sobra de lucro para cada R$ 1,00 de receita.
  • P/L (Preço/Lucro): diz quantos anos de lucro a empresa precisaria para justificar seu preço atual.
  • P/VP (Preço/Valor Patrimonial): compara o valor de mercado da empresa com o valor de seu patrimônio líquido.
  • Payout: indica a porcentagem do lucro líquido distribuída aos acionistas.
  • ROE (Retorno sobre o Patrimônio): mede a eficiência da empresa em gerar lucro com o dinheiro dos acionistas.

Esses indicadores podem parecer técnicos, mas funcionam como um “raio-x” da empresa.

3. O que esses números revelam

Ao comparar empresas do mesmo setor, você consegue descobrir:

  • Quem é mais eficiente.
  • Quem lucra mais com menos recursos.
  • Quem está aumentando seus lucros ao longo do tempo.
  • Quem distribui mais dividendos.

Ou seja: os números contam a história da empresa, se ela está crescendo, se está endividada, se gera valor para o acionista ou não.

4. Perfis de investidores

Não existe apenas uma resposta certa. O que vai definir sua escolha é o seu perfil de investidor.

  • Investidor conservador: prefere pagar mais caro por empresas sólidas e estáveis, com lucros consistentes e bons dividendos. Quer dormir tranquilo, sem sustos.
  • Investidor de oportunidades: busca empresas momentaneamente desvalorizadas, acreditando na recuperação. É como comprar um apartamento antigo para reformar e vender mais caro no futuro.

Neste segundo caso, é fundamental estudar os relatórios da empresa, olhar o RI (Relações com Investidores) e entender o que ela está planejando para os próximos anos.

O guidance (plano estratégico) mostra se a companhia pretende expandir, reduzir custos, comprar outras empresas etc.

5. Métodos clássicos de análise de valor

Dois métodos bastante usados por investidores que buscam oportunidades são:

  • Fórmula de Graham: Preç​o Justo= √(22,5×LPA×VPA​)
  • Método Bazin: Define um DY mínimo de 6% ao ano com base na média dos últimos 5 anos de dividendos. Se a ação atende a esse critério, pode ser considerada atrativa.

6. Risco x retorno: não existe almoço grátis

É importante ter em mente:

  • Ganhar mais que a média do mercado exige mais risco, estudo e paciência.
  • Seguir a média é mais simples: basta selecionar as melhores empresas de cada setor e manter o investimento no longo prazo.
  • Impulso sem análise pode ser perigoso: não confunda investimento com trader.

Se o seu objetivo é estabilidade, procure empresas que apresentem indicadores consistentes nos últimos 10 anos. Se prefere correr mais riscos em busca de retornos maiores, prepare-se para uma rotina de leitura de relatórios, acompanhamento de resultados e estudo constante.

Conclusão

A análise de empresas é como montar um quebra-cabeça: você observa o setor, escolhe os indicadores e interpreta os resultados. Não existe fórmula mágica, mas existe disciplina e método.

No fim, você pode optar por ser o investidor que paga mais caro para ter tranquilidade, ou aquele que compra barato e aposta na recuperação. O importante é tomar decisões embasadas, e não pelo impulso.

Investir é simples, mas não é fácil. E exatamente por isso pode ser tão recompensador.


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Uma resposta para “Como analisar empresas antes de comprar ações na bolsa”.

  1. […] esse dinheiro depositado no banco. Grande parte de sua fortuna corresponde ao valor de mercado das ações da Tesla que ele […]

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