Fundos de investimento: por que eles podem ser uma péssima escolha

Fundos de investimento são frequentemente apresentados como uma solução prática para quem quer investir sem se preocupar com a escolha dos ativos. Mas será que são mesmo uma boa ideia?

A resposta é: nem sempre. E neste texto eu explico por quê.

O que são fundos de investimento?

Fundos de investimento funcionam como um condomínio: várias pessoas colocam dinheiro em um mesmo “bolo” e um gestor profissional decide onde aplicar esse recurso.

Existem fundos para todos os gostos: de ações, de renda fixa, multimercados, cambiais, previdenciários, entre outros.

Eles podem ser divididos em dois grandes grupos:

  • Fundos de gestão ativa: o gestor toma decisões sobre a alocação dos recursos com base em análises e estratégias próprias. Aqui entram os fundos de ações, renda fixa, multimercados, cambiais e previdência privada.
  • Fundos de gestão passiva: buscam apenas replicar um índice de referência, como o Ibovespa ou o S&P 500. Os ETFs e alguns fundos imobiliários se encaixam aqui.

Neste post, o foco é nos fundos de gestão ativa, que são justamente os que mais costumam gerar frustrações.

Os principais problemas dos fundos de gestão ativa

1. Desempenho abaixo do esperado

Todo fundo tem um benchmark, ou seja, um índice de referência usado como meta de desempenho. É comum que um fundo de ações, por exemplo, use o Ibovespa como benchmark. Já os de renda fixa usam o CDI ou a Selic. O objetivo do gestor é superar esse índice.

Se o fundo ultrapassa essa meta, o investidor paga uma taxa de performance. Se não atinge, essa taxa é zerada, mas a taxa de administração continua sendo cobrada, mesmo que o fundo tenha tido prejuízo.

2.Taxas altas que corroem o rendimento

As taxas são um grande vilão nos fundos brasileiros. As mais comuns são:

  • Taxa de administração: remunera a gestão do fundo. Pode ser justa, mas muitas vezes é alta demais e, no longo prazo, corrói os lucros do investidor.
  • Taxa de performance: cobrada quando o fundo supera seu benchmark.
  • Spread: diferença entre o que o fundo ganha e o que de fato entrega ao cotista. Às vezes aparece de forma disfarçada, o que exige atenção redobrada.

No fim das contas, muitos fundos têm um desempenho inferior ao do próprio benchmark mesmo antes das taxas. Após os descontos, a situação piora ainda mais.

Quando os fundos podem valer a pena?

Nem todos os fundos são uma escolha ruim. Existem categorias com potencial interessante:

  • FIIs (Fundos Imobiliários): podem gerar renda mensal e são mais transparentes.
  • Fiagro: focado no agronegócio, ainda recente, mas promissor.
  • FI-Infra: fundo de infraestrutura com isenção fiscal para pessoas físicas.
  • ETFs: gestão passiva e baixas taxas.

Fee-based x Comission-based: o cuidado com o conflito de interesses

Outro ponto importante é buscar um atendimento fee-based, em que o profissional é remunerado por um valor fixo, transparente, pago por você. Isso reduz o risco de conflito de interesses, já que o profissional não é comissionado por indicar produtos de investimento.

No modelo comission-based, o assessor pode ser incentivado a vender o que dá mais retorno para ele, não para você. Por isso, o modelo fee-based é mais ético, transparente e, no fim, mais justo com quem está investindo.

Resumo

Investir por meio de fundos de gestão ativa pode parecer conveniente, mas na prática é comum que os resultados fiquem abaixo do esperado. Entre taxas altas, spreads ocultos e desempenho fraco, muitos investidores saem frustrados.

Antes de investir em um fundo, avalie com atenção as taxas cobradas, o histórico de desempenho e, principalmente, se aquele fundo está realmente alinhado com seus objetivos.

Às vezes, é mais eficiente, e mais barato, montar sua própria carteira com ativos simples ou investir em fundos de gestão passiva, e não ficar mexendo (vendendo e comprando) o tempo todo.

Dica de leitura

Se você quer entender melhor como funciona o mercado e aprender a investir com mais autonomia, recomendo o livro O Jeito Peter Lynch de Investir.

Peter Lynch foi gestor de um dos fundos mais rentáveis da história e defende justamente que o investidor comum pode ter resultados melhores do que muitos profissionais, desde que saiba o que está fazendo.

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