Smart vapes: quando a tecnologia acende um alerta

Você já ouviu falar nos smart vapes?

Sim, como se não bastasse o vape tradicional — aquele que muitos dizem ser uma versão “mais saudável” do cigarro — agora temos versões “inteligentes” do dispositivo. Com tela, acesso a redes sociais, joguinhos e até um Tamagotchi virtual que “morre” se você não tragar. Parece piada, mas é real. E trágico.

Não é de hoje que a indústria tenta reinventar vícios. Quando o cigarro tradicional passou a ser combatido com campanhas de saúde pública, aumento de impostos e restrições à propaganda, a indústria do tabaco se viu obrigada a inovar. Afinal, o lucro precisava continuar aceso. Foi aí que surgiram os vapes.

Vendidos como uma alternativa mais limpa e moderna, os cigarros eletrônicos conquistaram principalmente os jovens — um público que cresceu ouvindo que fumar era perigoso, mas que foi seduzido por sabores de sobremesa, design colorido e promessas de menos danos. Mas trocar cigarro por vape é, muitas vezes, apenas trocar seis por meia dúzia.

A medicina já classificou uma doença associada ao uso desses dispositivos: a EVALIe-cigarette and vaping-associated lung injury, ou pneumopatia associada ao uso de cigarros eletrônicos. E mesmo com os alertas da ciência, os dispositivos continuam sendo consumidos.

Agora, com a chegada dos smart vapes, a preocupação vai além dos pulmões. A jogada da indústria é clara: criar dependência em múltiplas frentes — física, emocional, digital. O que antes era apenas sobre nicotina, agora envolve mecanismos de recompensa instantânea, gamificação do vício e interação social, tudo em um só gadget.

Nesses casos, A publicidade pode ser devastadora. No passado, atletas consagrados estampavam propagandas de cigarro de papel. Hoje, influencers promovem plataformas de aposta com todo glamour. Em breve também veremos a divulgação desses dispositivos por pessoas que ditam as regras para certos públicos. A lógica é sempre a mesma: normalizar comportamentos prejudiciais em troca de lucro.

No Brasil, a comercialização de vapes ainda é proibida, mas basta um passeio por determinados ambientes para perceber que a prática já está bem disseminada. A chegada dos smart vapes é, sem dúvida, um retrocesso no debate sobre saúde pública — tão preocupante quanto a legalização das plataformas de apostas.

Por isso, é urgente refletir:

  • Quais maus hábitos estamos consumindo sem perceber?
  • Quem está se beneficiando do nosso vício?
  • E quanto custa, de verdade, ceder à distração?

Em tempos onde tudo parece feito para nos capturar — do cigarro à roleta online, do feed infinito ao cigarro eletrônico com joguinho —, o verdadeiro ato de rebeldia talvez seja manter-se consciente.

Cuidar da saúde física, mental e financeira é também um autocuidado.


Imagem: Pexels


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