Liquid Death: o branding fora da curva de uma marca de água

Quando você olha para a embalagem da Liquid Death, pode pensar que se trata de uma bebida alcoólica forte, talvez uma cerveja artesanal ou até mesmo um whisky em lata. Mas, na verdade, a bebida é água. E esse é justamente o grande trunfo da marca: criar um conceito ousado e inesperado para um produto tão básico quanto a água mineral.

Quebrando padrões no branding

Muitas vezes, na construção de uma identidade visual, marcas de bebidas seguem modelos convencionais: tons azuis, garrafas transparentes e mensagens sobre pureza e bem-estar.

A Liquid Death decidiu ir na contramão dessa estética e adotou um visual que remete ao universo do rock, metal ou até mesmo do motociclismo. Inclusive Ozzy Ousbourne já fez parte de sua campanha.

Seu logotipo, com letras góticas e um visual agressivo, e o slogan “Murder Your Thirst” (assassine sua sede) reforçam uma personalidade irreverente.

Quem olha, não imagina que a bebida faz parte do movimento wellness e tem uma pegada de sustentabilidade por trás de suas ações. Olha como a marca apresenta esse conceito de forma diferente em um comercial.

A escolha de vender água enlatada em vez de engarrafada não foi apenas uma questão estética. A marca se posiciona como ambientalmente responsável, argumentando que as latas de alumínio são mais fáceis de reciclar do que as garrafas plásticas, o que fortalece seu discurso de sustentabilidade.

Um produto cool para um público que busca alternativas

O consumo de álcool tem diminuído entre os jovens, e cada vez mais pessoas buscam alternativas mais saudáveis sem abrir mão da experiência de consumir algo com uma estética diferente.

A Liquid Death soube aproveitar essa tendência ao criar uma “vaca roxa” no mercado de águas.

Ao invés de ser apenas mais uma marca, ela se posiciona como uma experiência, com um visual que transmite a mesma energia de uma bebida alcoólica, mas sem os efeitos do álcool.

Outro fator importante para o sucesso da marca é o potencial de compartilhamento. A latinha é extremamente “instagramável”, ou seja, gera uma publicidade espontânea por parte dos consumidores que gostam de exibir fotos e vídeos com o produto. Isso impulsiona a presença da marca sem que ela precise gastar fortunas em mídia tradicional.

Marketing ousado e campanhas virais

A Liquid Death nasceu de uma observação curiosa feita pelo seu fundador, Mike Cessario, cerca de dez anos antes da criação da empresa. Durante um festival de música, ele percebeu que muitos músicos no palco colocavam água dentro de latas de energético para manter a hidratação sem comprometer a estética rebelde daquele ambiente.

Isso revelou uma lacuna no mercado: a necessidade de um produto saudável, mas com uma identidade visual e narrativa mais alinhadas ao universo alternativo.

Com essa visão, a marca não tem medo de quebrar tabus em suas campanhas. Um exemplo interessante foi a propaganda voltada para gestantes, destacando a importância da hidratação durante a gestação.

O vídeo, repleto de mulheres grávidas em situações tipicamente associadas a comerciais de cerveja (como festas e shows), brinca com a percepção do público e reforça o posicionamento ousado e descontraído da marca.

A presença da Liquid Death em produções populares, como a série The Boys, da Amazon Prime Video, também contribui para sua notoriedade. A série, conhecida por seu humor ácido e sua crítica ao mundo corporativo, encaixa-se perfeitamente com o tom irreverente da marca, ajudando a reforçar sua identidade bebida rebelde.

Parcerias estratégicas

A Liquid Death também aposta em colaborações inusitadas para reforçar sua identidade de marca e alcançar novos públicos. Um exemplo é o sabonete Dirt Murderer, criado em parceria com a Dr. Squatch, que combina a água de nascente da marca com ingredientes naturais como sal do Mar Morto e óleo de coco.

Outra ação ousada foi o lançamento de skates contendo gotas de sangue do próprio Tony Hawk na tinta utilizada, uma colaboração que uniu o universo do skate e do branding provocativo da Liquid Death. As pranchas se esgotaram rapidamente e parte dos lucros foi destinada a causas beneficentes.

Além disso, a marca uniu forças com a Plunge para lançar uma edição limitada de banheiras de imersão a frio, reforçando a ideia de experiências extremas.

Conclusão

A Liquid Death é a prova de que o branding bem-executado pode transformar até o produto mais básico em um fenômeno cultural. Ao fugir do convencional, a marca construiu uma identidade irreverente, sustentável e visualmente impactante, provando que o diferencial nem sempre está no que se vende, mas em como se vende.

Com um posicionamento ousado, embalagens marcantes e campanhas provocativas, a Liquid Death conquistou um público específico e engajado, mostrando que, no marketing, falar com as pessoas certas é tão importante quanto ter um bom produto.

Esse case reforça o poder do branding e da segmentação: marcas que conhecem profundamente seu público criam conexões autênticas, se tornam icônicas e marcantes.

Imagem: pexels


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